Plano estratégico 2022/2030 P&DP Tours
Na última década temos assistido a uma atitude cada vez mais crítica no que diz respeito aos modelos turísticos massivos e desenvolvimentos importantes a nível internacional, não somente no âmbito académico e científico, e de forma mais tímida, no setor empresarial e profissional do turismo e inclusivo na esfera das administrações públicas com incidência direta e indireta no desenvolvimento da atividade turística.
Perguntas como as consequências e impactos territoriais, meio ambientais, socioeconómicos e culturais desta atividade nos destinos turísticos, a sua incidência real no desenvolvimento equilibrado e sustentável da economia e das comunidades anfitriãs, a sua capacidade real como instrumento de luta contra a pobreza a acessibilidade universal e a desigualdade.

Em definitivo outros prismas, outras visões diferentes, estão a incentivar o interesse de muitos profissionais e estudiosos com a ideia de tentar dar resposta a cada uma destas perguntas, mas também perante a necessidade de criar modelos alternativos ao crescimento turístico convencional de corte massivo, imobiliário residencial de grandes complexos " resorts" de caracter especulativo.
Estas novas óticas estão a integrar-se no conceito chapéu-de-chuva de "turismo responsável", associado, por sua vez a outras denominações e formas de fazer e entender o turismo como o turismo solidário, o turismo ético o ecoturismo, o turismo étnico, o turismo intercultural, o turismo comunitário, (Community- Based Tourism) o turismo acessível, ou o turismo como instrumento de luta contra a pobreza, (Pro-Poor Turism). A propiá OMT em 2009 definiu o turismo responsável como a " atividade turística que os turistas e os agentes turísticos realizam com respeito pelos lugares de acolhimento desde o ponto de vista meio ambiental, cultural, social e económico, e que por sua vez a comunidade recetora aceita e respeita e as autoridades públicas protegem e fomentam", tudo isto de acordo com os princípios recolhidos no Código Ético Mundial de Turismo, aprovado 10 anos antes, em 1999, pela Assembleia Geral da OMT, e reconhecido expressamente pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2001. E associada a esta definição replicou-se muito nos últimos anos uma forma de turismo responsável tão característico como o "Turismo Comunitário", que temos de definir como uma forma de desenvolvimento turístico baseado na participação ativa das comunidades locais em todas as fases do desenvolvimento turístico, assim como repartir equitativamente os benefícios obtidos do turismo e pelo respeito à entidade, tradições e culturais locais.
Potenciar as iniciativas que geram benefícios económicos para a comunidade com independência de questões de caracter sociopolítico ou partidário, defendendo que este tenha prioridade, a gestão e controlo de projetos, assim como o fomento da cooperação internacional em turismo comunitário para permitir às comunidades locais obter dinheiro em efetivo para começar a criar as suas próprias microempresas.

Modelos dominantes de desenvolvimento trístico
Adotando uma atitude crítica e superadora da visão tradicional, idílica e sem fissuras, que se vem assumindo nos discursos tradicionais sobre o turismo, e ainda assim assumindo as limitações impostas pela globalização, concluísse que o turismo podia ser mais efetivo na luta contra a pobreza e as desigualdades nos países recetores, sempre e quando se assuma princípios básicos de responsabilidade por parte dos destintos atores que interagem nos destinos turísticos. E em linha com esta reflexão, pretende-se dar a conhecer assim mesmo as potencialidades e fundamentos das novas formas de turismo responsável (daqui para a frente será referido como TR), e turismo comunitário (TC).
A atividade turística é, sem dúvida, um dos pilares mais poderosos da globalização e um fator importante no crescimento da economia internacional, a recuperação da crise económica e agora da pandemia em muitos Países do Mundo e as próprias relações Norte-Sul. Por sua vez, e como se confirma pela situação real de muitos destinos e os inúmeros casos estudados até à data, o desenvolvimento de esta atividade está a refletir finalmente as desigualdades socioeconómicas e do nível de desenvolvimento do planeta, não induzindo sempre efeitos reais de desenvolvimento sustentável senão apenas gerando impactos negativos, novos desequilíbrios, problemas e contradições, assim como níveis de dependência indesejáveis na hora de planificar e organizar os seus processos de crescimento turístico.
Percebemos que o impacto no retorno económico, social, cultural e meio ambiente locais, da mesma forma que é necessário analisar as relações de força que orientam estes modelos, assim como as desigualdades regionais internas (centros e periferias a duas velocidades), que geram nos espaços de interior.
O atual marco da crise provocada pela pandemia não pode ser mais oportuna e recorrente para acelerar o interesse também pelo debate de como afrontar questões tais como a incidência da deslocalização no turismo, as transformações recentes dos perfis dos turistas a caracterização e definição dos destinos sustentáveis, a conveniência de implementar determinados projetos turísticos num destino o papel da cooperação publico privada na gestão e controlo do desenvolvimento turístico local e regional.
Além da revisão critica dos estudos de casos e experiencias em todo o mundo, analgizou-se para este trabalho diversos indicadores estadísticos e territoriais que vão mais além das estatísticas frias e gerais.
Assim na hora de obter conclusões, de uma revisão e estudo de bibliografia e a literatura mais recente sobre o tema, assim como a análise de alguns planos estratégicos de turismo e projetos de TR e TC nos países referidos tanto publico como privados.
Na realidade muitos dos discursos e valorizações realizam-se interessadamente sem partirem de estudos consciencializados que expliquem, por exemplo, qual é a capacidade de retorno do investimento público, que agentes controlam o processo de desenvolvimento, onde se gera o impulso inicial do desenvolvimento turístico, como e por onde se distribui os benefícios gerados por esta atividade, e se realmente ficam na região, nas mãos de quem ficam, que estão propondo realmente em termos de redução da pobreza e da desigualdade e que impacto estão a gerar para o meio ambiente e as sociedades locais. Chama-se a atenção neste sentido, que muitos destinos de alta especialização nesta atividade e que recebem quantidades muito significativas de turistas mostram indícios de pobreza, desequilíbrios e desigualdades sociais preocupantes com tendência inclusivo a intensificar-se e a reduzirem-se no tempo (Gomis; 2009, Cañada e Gascón; 2007).
A dependência do turismo nos processos de desenvolvimento resulta também importante; Na definição dos destinos se o sistema turístico responde a pautas de desenvolvimento homogéneas em que a maior parte dos rendimentos gerados escapam do próprio território para nós centrais da rede ou se são endógenas ou centradas no território, permitindo que os benefícios económicos, sociais e ambientais se concentrem no próprio destino ou território.
As grandes tendências crescentes, com independência de que as situações podem variar espacialmente de forma significativa, indicam que as repercussões económicas, sociais, culturais e ambientais são a miúde problemáticas, inclusive dramáticas, para as poucas comunidades locais que percebem o desenvolvimento turístico mais conflitos que oportunidades, nem sequer têm acesso á oferta turística internacional do seu país e ao final, quando viajam é frequentemente por emigração laboral forçada aos países do norte (Bonilla e Mortd;2008; Gómez, 2008; Hall e Tucker; 2004).
Hoje mais do que ontem a causa da forte concentração dos agentes económicos do setor (integração vertical e horizontal de grupos internacionais), um reduzido número de empresas que agrupam no seu seio todas as fazes da indústria turística, e radicadas principalmente na Europa e América do Norte, captam o essencial dos fluxos e ingressos gerados pelo turismo internacional sem reversão local de uma importante quota de recursos financeiros (leakage). Portanto não revertem positivamente em boa parte da população local, que por sua vez suporta impactos negativos ao responder apenas aos seus projetos com critérios puramente mercantilistas e sem critérios de sustentabilidade global.
O turismo converteu-se de facto, numa parte integrante do programa de ajustes estruturais impostos por organismos financeiros internacionais como o FMI os bancos mundiais, que o classificam como uma estratégia de exportação e instrumento para o reembolso dos seus serviços, mediante enormes financiamentos em infraestruturas turísticas, atraindo dinheiro público para o fomento de grandes negócios públicos e privados em detrimento de outros investimentos públicos necessários e de financiamento das pequenas e micro empresas turísticas locais através de micro créditos. Ainda temos de acrescentar as "GATS" da OMC.
Tornar o turismo menos desigual num mundo globalizado
Desta forma se explica a desproporção e falta de planificação sustentável de projetos impregnados unicamente com critérios de rentabilidade para os investidores estrangeiros, sem ter em conta os reais benefícios para a população local e os efeitos negativos da mesma na atividade turística, pese inclusive que se tenha sufragado através via de impostos a construção de infraestruturas básicas de grande magnitude necessárias para o funcionamento de estas atividades, sendo bem verdade que os grandes investidores internacionais transferem atividades aos países de destino tais como conhecimento (Know kow), formação tecnologia e investimento, não costumam ir mais alem do que o estritamente técnico para assegurar o bom funcionamento dos produtos específicos que pretendem explorar, de forma que tanto os benefícios económicos bem como os conhecimento são redirecionados para os grandes centros, a subordinação dos interesse gerais e locais das comunidades anfitriãs ao desenvolvimento turístico é um facto ao apostar-se a maior parte das vezes por um crescimento quantitativo gerador de desigualdades e impactos pouco desejáveis em vez de um crescimento menor mas mais qualitativo e equitativo.
Ainda que o turismo obviamente não tem a chave mágica para resolver os problemas, sem dúvida há alguns elementos que se deveriam ter em conta e que podiam incidir positivamente no seu desenvolvimento real e sustentável.
Pelas características específicas deste setor, a sua transversalidade e multidisciplinaridade, no marco da globalização, podia ser mais efetivo na luta contra a pobreza se os principais atores que o protagonizam (Empresas, administrações públicas, organizações, mercados emissores, cidadãos e turistas) assumam um papel mais comprometido com os objetivos da responsabilidade turística.
Entretanto as linhas de ação da grande maioria dos governos que consideram o turismo como ator chave das suas economias, orientam as suas linhas de ação publica á promoção intrarregional e internacional, à comercialização de pacotes, o desenho de politicas cooperadoras com o setor privado e incentivos ao investimento, mas sobretudo, a facilitar a atração de capitais estrangeiros (Gómez, 2008), favorecendo inclusivamente uma forte competência dentro da mesma região para ver quem oferece maiores facilidades aos investidores, entretanto que apenas existem pequenas linhas de microcrédito para as iniciativas de PMES locais. E, longe de criar uma estratégia de reequilíbrio territorial de desenvolvimento turístico no interior do território destes países, esta indústria está a implementar de forma exponente no litoral em destinos de "sol e praia" com fórmulas tipo resorts de grandes cadeias internacionais com pacotes de "tudo incluído" e desenvolvimentos imobiliários, tudo isto justifica que ao menos que tenham de questionar-se as lógicas de modelos massivos e convencionais do turismo internacional, tal como o estão fazendo numerosas associações, redes e organismos internacionais e movimentos locais nos últimos anos. E em consequência convém, questionar e estudar se estes modelos estabelecidos servem realmente para aproveitar de maneira ótima este setor como ferramenta de distribuição da riqueza e de desenvolvimento sustentável do destino.
Lógicas dominantes e adaptação às novas realidades do turismo
Face às condições a expansão do turismo internacional podia gerar modelos diferentes de desenvolvimento turístico, mais equitativos, mais equilibrados territorialmente, mais sustentáveis, integrados, ecológicos, éticos, acessíveis, alternativos e solidários que permitam, através de diferentes modalidades ou formas de fazer turismo, alcançar metas de responsabilidade que proporcionem o bem-estar da população anfitriãs sem prejuízo da satisfação dos turistas e consumidores. Os reptos para manter e ampliar as fronteiras turísticas atuais passam em definitivo, pelos 4s: Ambiente; Energia, Ética e Educação. Mas para alem das iniciativas empreendidas até agora, as respostas tem de vir do lado do impulso das capacidades e iniciativas locais, tanto publicas como privadas, e em articulação com estratégias adequadas e decididas por parte dos estados, capazes de implicar todos os agentes sociais e económicos na definição de projetos endógenos, autocentrados e de turismo comunitário que possam contribuir a inverter a atual proporção custos/benefícios do setor e minimizar no território os impactos negativos.
Assim emerge o conceito de TR junto com outros conceitos associados ao mesmo como o turismo justo e solidário (vinculados aos princípios de fair trade), turismo comunitário (comunity Based Tourism-CBT),ético e a favor dos pobres (Pro PoorTourism), (Lanquar e Rivera;210), redefinir os processos de produção turística que devem garantir uma distribuição equitativa e proporcional dos benefícios entre os distintos agentes implicados, o controlo e ou a gestão de desenvolvimento turístico para as comunidades locais recetoras em função dos seus interesses gerais, a sustentabilidade do espaço turístico e a responsabilidade social em questões meio ambientais, económicos e socio culturais, aspetos estes determinados por quantos turistas se deslocaram ao destino "centros de produção" dos serviços que irá "consumir "com a sua visita.
Portanto, o turismo responsável trata de atender as comunidades locais e de estar perto delas, distribuindo desta forma os benefícios do turismo de forma mais equitativa e ampla para toda a população mas vislumbrar que por si só o TR apenas pode ser uma parte da alternativa, necessitando além disso de aliar-se á pequena e media empresa turística local e nacional para permitir um desenvolvimento turístico de caracter endógeno, tarefa esta, sem duvida, nada fácil se não se conta com o apoio decidido de todas as administrações públicas implicadas e se entenda que, estamos a falar da adaptação no setor turístico de "uma filosofia de pensar globalmente e atuar localmente". O desenho de políticas turísticas com a participação ativa da população local desde a colaboração público- priva dada para garantir a sustentabilidade e a defesa dos interesses gerais, o estudo da conveniência de determinados projetos turísticos ou minimizar a dependência da economia, sendo necessário assumir a responsabilidade do turismo como uma solução de futuro e ferramenta de desenvolvimento sustentável.
Impactos riscos e limitações dos modelos turísticos convencionais
Entendemos que um "destino" é um lugar que tem umas características que são conhecidas e de interesse ao meio natural/artificial, à infraestrutura, à estrutura económica, e aos estereótipos da população anfitriã. O destino, uma vez reconhecido como tal, entra em competição com outros, tanto na envolvência geográfica mais próxima, bem como a mais distante, (se oferece o mesmo tipo de serviços /atrativos/produtos turísticos) que o tornam por definição instável.
Mas os destinos vão-se moldando como qualquer outro produto para adapta-lo ao gosto dos consumidores (os turistas), às tendências e às necessidades da indústria turística. Em definitivo cria-se uma nova imagem, conforma-se o destino- espetáculo, como uma grande intervenção eocénica. Algumas características são persistentes 1.) A ocultação de contradições (pobreza, marginação, desigualdade nas condições de vida da população local e as pessoas alojadas em hotéis de lucho); 2.) Oferecimento de aparente harmonia; 3.) Espetáculos de venda continua e individualmente repetíveis; 4.)A especialidade e temporalidade limitadas ou suspendidas(reforço do caracter "imortal" do produto criado).
"Sobre a base de uma referência real conformada pelo espaço físico que ocupa o destino, a sua população, mais as características ambientais económicas e socio culturais que se estabelecem, articula-se todo um imaginário que idealiza o aspeto mais exportável do destino, difundindo-se a referência real, o qual é substituído por uma imagem turística. Desta forma, a imagem do destino não é uma imagem espontânea, senão apenas uma imagem socialmente induzida e reproduzida, que contem os desejos e expetativas construídas a priori da viagem, à mercê de práticas sociais não turísticas, que criam imagens estereotipadas do destino que uma vez neste o turista espera verificar."( Santillán; 2010).
Os destinos turísticos apresentam um comportamento dinâmico. O modelo mais conhecido é o denominado " Ciclo de vida dos destinos turísticos"( Butler;1980). Segundo este modelo as fases que atravessam um destino são: exploração, implicação, desenvolvimento, consolidação, estacionamento e maturação, que deriva do declive ou rejuvenescimento posterior. Estas fazes caracterizam-se por algumas particularidades que se resumem a seguir:
- A fase da exploração, os atrativos desenhados especificamente como oferta aos turistas não existem e a maior parte dos visitantes ao destino são do tipo errante ou explorador. Ainda que sejam destinos incipientes, onde tem muito peso os recursos naturais e culturais do território.
- Na fase de desenvolvimento, cada vez é maior a percentagem da população local que faz parte da provisão de serviços de apoio. Nestas duas primeiras etapas de crescimento, as chegadas tendem a ser positivas, mas lentas.
- Para este desenvolvimento, tanto as administrações públicas como as empresas investem intensamente na publicidade e em atrativos dirigidos ao turismo, beneficiando-se o destino das cada vez maiores taxas de crescimento.
· Durante a consolidação, por sua vez, a taxa de expansão torna-se mais lenta e o destino caracteriza-se por um desgaste da sua infraestrutura e da sua imagem como destino.
· A fase de estacionamento, alcança-se um pico no número de chegadas de turistas, pois o atrativo do destino desce, de forma que cada vez custa mais manter a fidelização dos seus principais demandantes.
· Após o estacionamento, o destino entra em declive e "morre", perde cada vez mais turistas e os que chegam realizam um menor gasto turístico, ou se rejuvenesce graças à introdução de novos atrativos, aperfeiçoamento dos seus atrativos turísticos e campanhas de promoção que revitalizem o uso turístico do território.
Estratégias de cooperação público privadas entre atores locais na gestão e dinamização de destinos turísticos
Aqui chegados perguntamo-nos, então o turismo; É benéfico ou prejudicial? Não existe resposta fácil, nem uma afirmação única. O turismo como atividade não é bom nem é mau, mas as tipologias do turismo, o volume dos seus fluxos, a repartição dos seus benefícios e também dos seus prejuízos e défice, em definitivo, o modelo de turismo elegido será o que irá determinar fundamentalmente o resultado do turismo no território.
Temos então de introduzir um nono conceito "capacidade de carga", este conceito foi aplicado originalmente na ecologia, quando se aplica ao turismo define-se como" o numero máximo de pessoas que podem visitar um lugar ao mesmo tempo, sem causar impactos negativos físicos, económicos, socioculturais, ou ambientais, nem uma descida da satisfação dos visitantes "( Programa das Nações Unidas para o meio Ambiente (PNUMA).
Parece evidente mas não é fácil determinar esta capacidade de carga, oferece-se outra definição para facilitar esta a sua compreensão; É no máximo uso que se pode obter sem que se causem efeitos negativos sobre os seus próprios recursos biológicos, sem reduzir a satisfação dos visitantes, ou sem que produza um efeito adverso sobre a sociedade recetora, a economia ou a cultura da área. Desde esta perspetiva analisa-se a capacidade de carga desde quatro componentes:
Biofísica: Relacionado com os recursos físicos e biológicos em função do número de pessoas diárias por exemplo que podem fazer uma determinada caminhada ou percurso sem provocar estragos no mesmo.
Psicológica: Relacionada com a perceção que tem o turista do recurso que á exercido como atrativo turístico para realizar essa visita e que diminuirá à media que aumente o numero de pessoas que se concentrem num determinado momento. Existirá um número de pessoas a partir do qual a visita já não será satisfatória.
Social: Esta componente tem a ver com a população local e como afeta a chegada de turistas ao seu território.
Económica: Ultrapassado um determinado número de turistas podem originar mais custos (consumo de recursos que se tenham de trazer de lugares mais distantes, eliminação de reduzidos, maiores níveis de contaminação, etc.) qual será o beneficio que aportam ao destino com o seu gasto turístico.
Quando um destino supera a sua capacidade de carga, em muitas ocasiões encontramo-nos numa situação em que o destino encontra numa fase de estacionamento segundo o modelo de desenvolvimento turístico exponencial de "Butler" ao qual referimos anteriormente.
Um dos problemas básicos é como medimos o êxito do turismo e, neste sentido, o número de visitantes é, sem dúvida o indicador usado pelos governos e empresas. Perante esta ótica entende-se que achegada de mais turistas aporta benefícios inquestionáveis que levam associados benefícios indiretos para o conjunto do território turístico.
Os impactos ambientais positivos ou negativos e o seu alcance e a sua reversibilidade. Os maiores benefícios para um destino resultam da planificação do destino e do desenho participativo com a população local, um menor número de visitantes, mas deixando mais dinheiro no território e na população local e controlar impactos ambientais, sociais e culturais. Este modelo é o que se está tentando aplicar na entidade.
Muito importante é criar uma consciência a favor dos valores ambientais e se temos visitantes que venham atraídos pelos atrativos do território gera-se uma tendência de revalorização também entre a população local.
Temos de ter em conta o difícil que é valorizar algo que temos desde sempre ao nosso lado, que consideramos que faz parte da nossa vida cotidiana e por tanto não lhe damos um grande valor.
Ética e turismo responsável
Desde o ponto de vista ético, a ética no marco do turismo responsável é também necessariamente integral. O respeito a todos os componentes e atores do produto turístico, animado e inanimado, visível e simbólico é uma parte essencial do modelo de turismo responsável, que contagia e deve contagiar o turista o operador e o intermediário o comunicador a cada um dos produtores de serviços implicados. Por isso o turismo responsável necessita acima de tudo assumir um profundo planeamento ético na planificação e na produção, seja dada uma estética potente para os mercados turísticos emissores. De nada serve que o produto apresentado tenha grandes valores éticos se os mesmos não são transmitidos á demanda potencial interessada em consumir turismo responsável
As formas de incluir as comunidades locais nos negócios do turismo responsável são muito variadas, mas em todo o caso dão-se por meio da formação dos empresários e das instituições públicas, redes comerciais estáveis de forma a favorecer as condições de acesso aos negócios e empregos do turismo em condições de igualdade.
Tude deve estar concebido e desenhado para responder ao problema mais habitual nestas iniciativas, que é o acesso à promoção e comercialização em condições de igualdade competitivas e de êxito a um mercado muito exigente
A falta da continuidade das ajudas e programas de turismo responsável tem muito que ver com os projetos que se consolidam. É conhecido que o facto de projetos deste tipo recebem de vez em quando potentes apoios, comunitários, mas em geral estes apoios são descontinuados e dependem não só das crises como a atual, mas também de vai vens políticos e mudanças de estratégias que beneficiam apenas alguns interesses instituídos ou lóbis constituídos para esse efeito.
A criação de movimentos cívicos que exponham estas práticas lobistas ou de interesses pessoais dentro das instituições é fulcral, para o combate das desigualdades, a exigência das explicações e procedimentos tomados dentro da esfera dos gabinetes, é imperativa, só desta forma se pode ter uma sociedade eticamente justa e responsável.
Os princípios e boas práticas
As formas de incluir a comunidade local nos negócios de turismo responsável são muito variadas, mas em todo o caso dão-se por meio, da formação e capitalização, o fomento e apoio da vertente empreendedora desde de a própria sociedade local, o acréscimo de elementos de competitividade e novas tecnologias, a criação de estruturas estáveis, criação de redes comerciais estáveis o enfoque de género que favoreça de forma especial as condições para que a população, com limitações físico motor, sensoriais e psíquicas possam aceder aos negócios e empregos do turismo em condições de igualdade.
Tudo deve estar concebido e desenhado para responder ao problema mais habitual nestas iniciativas, que o seu acesso á promoção e comercialização em condições competitivas e de êxito frente aos mercados mais exigentes
As campanhas publicitárias, a presença em feiras turísticas e outras ações de marketing, necessitam de uma grande continuidade e de uma grande insistência numa rede europeia e ibero-americana de este tipo, que esteja baseada em redes similares em cada país, algo que não existe nem em Portugal nem em Espanha.
A nossa planificação do turismo acessível e responsável necessita, por outro lado de contar com todos os elementos da planificação estratégica de um destino, em correlação com os fatores de:
- Sustentabilidade
- Acessibilidade e conetividade
- Capacidade de carga
- Capacidade de acolhimento turístico
- Lojas colaborativas
Neste tipo de iniciativas baseado no modelo de isolamento, de facto existem casos de intensas medidas de sustentabilidade, as quais costumam-se concentrar nos aspetos ambientais mais tangíveis, poupança de água, eficiência energética, gestão eficaz de resíduos, utilização de matérias reciclados, consumo de alguns produtos locais.
Um avanço neste sentido será a utilização da maior quantidade possível de produtos locais, o que se prevê dificultado em certas ocasiões pela dificuldade de assegurar a produção, a distribuição e os standards de qualidades dos produtos locais, do mesmo modo em que no turismo necessitamos dos produtores locais que tenham as suas redes produtivas e comerciais adaptadas às necessidades da industria turística, o turista responsável é demandante de produtos locais, mas que nem sempre é fácil de conseguir que estes cheguem a estar á sua disposição na sua mesa.
O conceito de comércio justo e de consumo de produtos locais ou regionais é consubstancial ao turismo responsável mas perante idênticas dificuldades ao turismo comunitário, como por exemplo, pequenos produtores dispersos no território, que não têm os mesmos meios de chegar ao mercado que as grandes empresas produtoras e as grandes redes de distribuição. Em zonas isoladas os produtores locais carecem de meios de transporte para fazer chegar os produtos aos centros turísticos em condições vantajosas, pelo que ficam diretamente fora do negócio do turismo ou do turismo responsável.
Posto isto qual a estratégia da plataforma colaborativa Ponsuativo& Detalhes Predilectos(P&D.P)
Procurar negócios inclusivos procurando os atores recetivos do turismo responsável sejam na medida do possível as comunidades locais dos destinos, quer dizer, que sejam eles os principais atores do negócio turístico, com especial atenção às comunidades mais isoladas e desfavorecidas.
Procuramos incentivar a criação de estruturas recetivas com base local, que tenham capacidade produtiva e comercial suficiente para fornecer o mercado turístico.
Estas considerações valem tanto para o turismo rural como para qualquer outra iniciativa de turismo responsável.
Procurar criar um espaço colaborativo em cada uma das regiões e comunidades onde operamos de um comité turístico que seja formado por representantes dos mais diversos grupos da comunidade, assim como pessoas independentes que possam gerir os projetos de desenvolvimento turístico e servir como interlocutor face à administração pública local e futuros financiadores.